Para onde vão as Edtechs no Brasil para além 2022?

OSCAR SARQUIS • 19 de junho de 2022

O setor de tecnologia educacional está aquecido e preparado para novas incursões de investimento neste ano, seguindo algumas tendências que vieram para ficar.



Seguindo algumas tendências que se estabeleceram a partir de 2020 com as rupturas provocadas pela pandemia, as edtechs, que já operavam no Brasil em um mercado pujante, mostraram seu valor, seja por suprirem as demandas existentes num volume muito maior do que o que se esperava no planejamento anual para o período, ou pela agilidade com que se adaptaram e passaram a atender às novas demandas que surgiram a partir de então em função dessa nova realidade.

 

Observou-se, além do mais que o setor educacional brasileiro precisou reinventar-se, transformando processos e metodologias de aprendizagem em uma janela muito curta, em um fenômeno para o qual contou com a parceria das startups educacionais, em ciclos de amadurecimento contínuo, primeiro pela utilização de plataformas educacionais que habilitaram a realização de aulas e reuniões não presenciais, depois pela gestão cada vez mais apurada de conteúdo e a potencialização de atividades colaborativas, possibilitando o engajamento de gestores, professores e alunos em projetos educacionais muito sólidos, mesmo considerando o cenário adverso. Por fim, e não menos importante, possibilitaram o retorno seguro e gradativo do ensino presencial, em modalidades híbridas de aprendizagem que ainda perduram e devem continuar.


No início de 2021, a ABSTARTUPS (Associação Brasileira de Startups), juntamente com o CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira) publicaram um relatório sobre a atuação de 566 startups educacionais que ratificou a atuação surpreendente das edtechs no Brasil, e é sobre esse relatório que estabeleceremos alguns insights bem atuais.


Para efeito de alinhamento conceitual, consideremos que o termo edtech surge do acrônimo das palavras education e technology, e uma característica se destaca para o enquadramento das startups nessa categoria de empresa: a tecnologia como facilitadora de processos de aprendizagem e aprimoramento dos sistemas educacionais.

 

Do ponto de vista do produto ou serviço fornecidos pelas edtechs, consideremos o uso do que chamamos de Recursos Educacionais Digitais (REDs) e tecnolo­gias educacionais que os suportam. Os REDs são produtos e serviços que apoiam tanto os processos de ensino e apren­dizagem como a gestão pedagógica e administrativa-financeira das escolas. Vale observar também que empresas que ofertam serviços, produtos ou conteúdos customizados que promovem o uso de REDs não desenvolvidos pela própria startup, também podem ser consideradas edtechs.

 

Uma primeira constatação observada no relatório e tomada como tendência, é que a despeito amadurecimento do setor e das inúmeras oportunidades de crescimento identificadas no período, o número de novas edtechs ativas cresceu a uma taxa de aproximadamente 4% anuais, passando de 566 em 2020 para 588 no final de 2021. Dessas empresas, pelo menos 50% atuam no mercado por meio de SaaS em nuvem, portanto. Outra informação relevante é de que mais de 63% delas empregam entre 1 e 10 colaboradores, sendo, portanto, pouco intensivas em mão de obra.

 

Sobre o mercado, vale observar que mais de 37% atuam em educação básica (ensino médio e fundamental), 14% em educação corporativa e 11% em ensino superior, o que revela também o perfil de utilização dos REDs pelas unidades educacionais. Com relação aos tipos de recursos educacionais fornecidos, mais de 29% dessas empresas atuam por meio de plataformas de oferta de conteúdo online, enquanto 10% delas operam com ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) ou plataformas educacionais, principalmente em educação corporativa. Outra nota importante é que somente 4% delas fornecem cursos on-line, sendo que a maioria se concentra nos cursos de idiomas. O avanço de novas tecnologias, a exemplo de gamificação, aprendizagem de máquina e a realidade virtual/expandida devem criar oportunidades de inserção nesse mercado.

 

Outra questão que nos merece apreço é a tendência cada vez mais consolidada criação de políticas públicas que proporcionem a utilização de REDs como elementos da estratégia educacional brasileira. Essa relação do setor público com as startups educacionais deve se tornar mais relevante em um tempo curto. O governo federal instituiu o Marco Legal para Startups (Lei Complementar nº182/21), que regulamentou o segmento e trouxe mais personalidade jurídica para as startups.

 

Entre as definições propostas na Lei, consta um Termo de Colaboração para Teste de Inovação (TCTI), cujo objetivo é permitir que a administração pública, em diferentes níveis, crie mecanismos para teste e posterior contratação de soluções inovadoras, usando o poder de compra do Estado para fomentar o desenvolvimento de startups.


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